quinta-feira, 7 de março de 2019

DIA 06 - ATACAMA - 07/03/2019

Onde:       San Pedro de Atacama - Pedal Valle de la Luna e Marte
Quem:      Claudia Jak, Maria e Jefferson, Monia
Quando:   07/03/2019
Quanto:    R$  155,40 + R$ 200,00 Hostal
Distância: 48 km pedalados / uns 5 km trekking

Aguardava ansiosamente este dia! Sou ciclista desde 2011 e viajo de bike sempre que possível. Quando acompanhava por meio de livros as aventuras de amigos, que passaram aqui em suas expediçõescicloviajava com eles em meus pensamentos, desejando um dia poder fazer o mesmo. Embora hoje fosse apenas um passeio, em minha mente, posso me sentir como quiser! Portanto, sinto-me como se estivesse em plena cicloviagem, passando por San Pedro de Atacama!


Alugamos nossas bike's na Latchir, localizada na Calle Caracoles. Havia bike que custavam entre CLP 3000 e 5000. As mais novas, ou 'em melhor estado', custavam mais caro. Escolhi uma boa, afinal, iria pedalar no deserto, não precisava ter mais uma dificuldade além desta. Portanto, a minha Trek custou CLP 5000, por 6 horas (R$ 30,00). Para alugar as bikes é necessário preencher uma ficha e se responsabilizar por trazê-la de volta num horário específico. No aluguel estão inclusos capacete, um colete, um cadeado e um kit de primeiros socorros para a bike - com bomba, espátula e câmara reserva. Assim que todos pegaram as respectivas bikes, seguimos desbravar o Deserto do Atacama.


Escolhemos ir para o Valle de la Luna e o Valle de Marte. Porque? Primeiro por ser os lugares mais próximos e com altitude semelhante a San Pedro. Fazer estes passeios de bike é uma ótima oportunidade de sentir o Deserto do Atacama de uma maneira mais intensa e ao mesmo tempo selvagem. O trajeto inclui um trecho de estrada asfaltada e outra em terra, com a altimetria bem tranquila. A paisagem é apaixonante e, sem dúvida, rende ótimas sensações e fotografias. 

Ser o grande protagonista do passeio e ir com as próprias pernas, dá um gostinho mais saboroso para a experiência! (seumochilao)

Ontem, enquanto estávamos pesquisando um lugar para alugar as bikes, recebi um mapinha onde descrevia como chegar nos lugares desejados.


Partimos umas 09h30 da cidade e seguimos por 6 km até a entrada do parque. Este trecho é todo em asfalto e com pouco trânsito. 








Ao chegar no parque, há uma portaria com recepção, comércio, banheiro (o único do parque) e uma salinha com uma maquete. Pagamos CLP 3000 (R$ 18,00) para entrar e recebemos algumas orientações. Infelizmente, não é mais possível visitar uns labirintos, as cavernas de sal ou fazer um circuito dentro do parque. Temos que voltar pelo mesmo caminho que entramos. De acordo com eles, houveram alguns deslizamentos devido a chuva, o que acabou prejudicando alguns trechos. Jorge ficou bem chateado, já que conhecia o lugar e estava ansioso para nos apresentar. Como não conhecíamos nada, tudo nos agradava. Portanto, consolamos a ele e seguimos passeio. 

O Valle de La Luna fica a 2.487m de altitude e também faz parte da Reserva Nacional los Flamencos.  É formado por rochas salinas que, ao longo de muitos anos, com o vento e oscilação de temperatura, formou o local que podemos visitar hoje.

Daqui para frente, entramos em estradas de terra. De acordo com os recepcionistas, poderemos pedalar por 11 km, ou seja, serão 22 km dentro do parque. Agora sim, comecei a me sentir no deserto, pedalando sobre ele!


Foi muito especial conhecer a Chang! Ela é super divertida e eu sinto que ela também ficou feliz por vir pedalar com nossa turminha. É muito boa as surpresas que as viagens nos reservam!


Maria, minha querida amiga e super companheira, é sem comentários! Uma pessoa que topa tudo, alegre e divertida. É sempre bom tê-la por perto.


Mônia foi um grande presente! Como meu querido marido não poder vir, ela me deu muito apoio e me fez companhia de forma impecável. Foi mesmo um presentinho de Deus, para que a viagem pudesse ser especial!


Seguimos atentos a tudo que surgia no caminho. Não conseguíamos desenvolver a velocidade, já que tudo era motivo para foto. Ao passar aqui, por exemplo, essas placas de sal me chamaram atenção. Tive que parar para registrar. 


Li em algum lugar que qualquer foto aqui,  vira um cartão postal. Quando vi o resultado das fotos de hoje, conclui que é exatamente assim!


Passamos pelo que parece ser uma antiga ruína de alguma construção. Novamente paramos para fotos. 



O casal Chang e Jorge nos aguardando. 


Jorge simplesmente arrasou nas fotos! Vez por outra, ele pedia que aguardássemos até que ele se preparasse num lugar estratégico para registrar o grupo. Todas ficaram impecáveis... valeu amigo!

Jorge Blanquer
Jorge Blanquer


Li no site seumochilão que "o Valle de la Luna é um daqueles lugares que a gente chega e quer fazer tudo ao mesmo tempo: tirar fotos, apreciar a paisagem, ficar sozinho, conversar com as pessoas. Causa um paradoxo danado. É o típico ambiente que bagunça com a gente. O motivo? A paisagem rara do lugar." Essa descrição é perfeita! Quando comecei a pensar em como descrever este passeio, avaliava o quão difícil seria exprimir o que sentimos exatamente. É um turbilhão de emoções, muito difícil de definir.





Jorge Blanquer

Seguimos pedalando, parando, fotografando, aguardando uns aos outros. Sim, tentando fazer de tudo um pouco, como era possível. 










Quando chegamos na placa onde sinalizava a Duna Mayor, amarramos as bikes com o cadeado, que nos cederam na loja, e seguimos a pé. 



As trilhas são intuitivas por serem demarcadas e inicia-se em um trecho retilíneo. 




Logo começamos a subir até um mirante, onde era possível observar a Cordilheira de Sal, estruturas geológicas de argila e gesso, que existem há milhões de anos.

Jorge Blanquer

Esta formação abaixo é chamada de anfiteatro. 

Jorge Blanquer

Trata-se de uma mesa côncava; uma gigante formação rochosa. É no mínimo um local que merece ser apreciado com tranquilidade. 


Neste trecho, estamos sempre em ascensão, o que é um pouco desconfortável para com vertigem na altura como eu. Lembrei das aulas de pilates - quer ter equilíbrio? Foca em um único ponto. Só apreciava a paisagem quando estava parada. Isso funciona!




Tenho a sensação que, nas fotos, não dá para perceber o quão profundo é. Embora pareça ser plano, estamos muito alto!




Jorge Blanquer










Algo super importante por aqui é trazer bastante água. Eu levei 1,5L e administrei para ter até o final do pedal. Outra coisa super importante é carregar sempre o protetor solar e labial. A altitude aliada a salinidade do ar é um perigo e um convite a insolação. 


Outra dica é: tire fotos! Muitas fotos! Alias, amei essa foto tirada por minha querida amiga Monia!



Caminharmos por uns 3 km. Após isso, retornamos para as bikes. 


Seguimos em frente, pelas estradinhas do parque, até as Três Marias


Jorge Blanquer
Jorge Blanquer
Jorge Blanquer

O caminho principiou a descer levemente. Pouco antes de chegar nas Três Marias, passamos por um grande salar. 

Jorge Blanquer

A admiração toma conta da gente ao olhar para os lados e ver o infinito do deserto mais árido do mundo!

Jorge Blanquer
Jorge Blanquer






Depois de tantas coisas lindas que vimos até aqui, foi preciso uma dose de criatividade para olhar e admirar as Três Marias. Mas, com um pouco de esforço, é possível lembrar que as pobres permanecem em pé ali no meio do nada, apesar de tanto vento. 



Chegamos no ponto final. Infelizmente, não era possível seguir em frente, como havíamos planejado inicialmente. Com isso, voltamos sentido portaria, de onde partimos hoje cedo. Nessa hora, o sol estava esturricando nossos miolos. A água de alguns de nós começou a se esgotar, de forma que fomos dividindo. Jefão, com todo cuidado, foi acompanhando e dando força pra quem ficava por último. Esse é o nosso paizão, sempre podemos contar com ele quando as coisas ficam difíceis! O momento tenso terminou assim que chegamos na recepção, onde conseguimos nos reabastecer. Além da água, comprei uma bebida bem interessante!


Pensa num negócio bom! Trata-se de uma água com sabor de pêssego e abacaxi, com uns pedacinhos de aloe vera. Monia e eu tomamos tudo, ou seja, uns 750ml cada uma. A bebida deu o maior gás, tanto que decidimos não voltar com Jefferson, Maria, Jorge e Chang para a cidade. Enquanto eles foram almoçar e prorrogar o aluguel de nossas bicicletas para o dia inteiro (ou seja, paguei mais CLP 5000 - R$ 30,00 | ou R$ 60,00 para o dia todo), Monia e eu seguimos para o Pukara de Quitor. Até aqui havíamos pedalado 29 km.


Ao chegarmos numa pousada, vimos escrito: Altos de Quitor. Entramos e perguntamos a um senhor, onde ficava o mirante (miradouro). O dono da pousada, nos mostrou um morro bem ao lado e disse que podíamos subir por ali. 


A pousada é uma belezinha e tem até piscina. Os quartos parecem um tipo de habitação indígena. 


Conforme fomos subindo, maravilhosas paisagens enchiam nossa visão!



A montanha tinha muitas pedras soltas. Subimos com muita atenção e cautela. 


Uns trinta minutos depois, chegamos lá em cima! Tivemos uma linda visão do vulcão Lincancabur e da cidade de San Pedro. 



No entanto, não encontramos o sítio arqueológico que estávamos procurando. De repente, um carro surgiu lá em cima. Era possível subir pelo outro lado, numa estrada de terra. Perguntamos ao condutor onde ficavam as ruínas, no que ele apontou para o morro ao lado. Caímos na risada. Embora aqui também fosse um 'mirante', o sítio arqueológico localizava-se  no morro ao lado. Bom, como já passava das 15h30 e tínhamos marcado com eles em frente ao Vale de Marte as 17h00, decidimos seguir direto para lá. Jorge havia ido até Quitor no dia anterior, por isso, emprestei umas fotos dele para deixar aqui no blog. 

Jorge Blanquer

Jorge Blanquer
A caminho do Valle de Marte ou de La Muerte.


Chegando na portaria, pagamos CLP 3000 (R$ 18,00) e sentamos numa sombra, para comer uma bolacha, descansar e aguardar nossos amigos .


Ali recebemos algumas instruções. É possível ficar lá dentro até as 20h00, já que nesta época do ano, o sol se põe umas 19h30. É possível pedalar por uns 2 km. A partir disso, devemos colocar as bikes num bicicletário e seguir a pé até o mirante. Eles nos mostraram um mapa e sugerem que tiremos uma foto. O mapa está de ponta-cabeça, visto que é exatamente nesta direção que seguimos (coisa de menina, que só consegue entender um mapa quando aponta na direção certa).


Com diferentes formações rochosas, dunas e beirando a Cordilheira do Sal, o Valle de Marte (ou la Muerte) é uma das principais atrações do Atacama.




Assim como o Valle da Lua, o Valle de Marte fica na parte mais árida do Atacama e por isso possui uma paisagem única. Imaginei que essa questão do nome que hora aparece 'Vale de Marte', hora é  'Vale da Morte', era por isso mas, na verdade, a explicação é uma questão fonética. A paisagem lembraria o relevo de Marte - planeta e em uma tradução errônea, causada pela proximidade na pronuncia dos nomes, transformou o que seria o Vale de Marte em Vale da Morte. Independente disso, o fato é que o local é realmente impressionante, em uma paisagem linda de rochas e dunas que nos transportam a cenário de qualquer filme de ficção científica.

Jorge Blanquer

Jorge Blanquer







Jorge Blanquer


Após 2 km deslizando na grande quantidade de areia das estradas, chegamos bem cansados ao 'parking', onde devíamos deixar as bikes. Ali havia uma grande duna ao lado, onde algumas pessoas praticavam um esporte (que esqueci o nome) que envolve descer sobre uma prancha, deslizando sobre as dunas. 


Jorge decidiu subir nas dunas, Chang permaneceu lá embaixo apreciando a paisagem.

Jorge Blanquer

Jorge Blanquer

Monia e eu amarramos as bikes e seguimos a pé. Jefferson e Maria decidiram tentar subir até o mirante de bike mas, como havia muita areia na subida, estava impossível pedalar. Como estavam empurrando as bikes, acabamos abrindo certa distância deles. 




Após uns 30 minutos caminhando chegamos ao mirante!





Olhamos para baixo e não víamos mais Maria e Jefferson. Aguardamos por alguns instantes mas depois decidimos descer para tentar encontrá-los. Durante a subida, Maria ficou muito cansada, por isso, eles pararam num mirante um pouco abaixo e nos aguardaram. Descemos todos juntos, pegamos as bikes e partimos do parque. A ideia inicial era ficar para o pôr do sol mas, como ninguém tinha lanterna, achamos que seria arriscado. Seguimos todos juntos, aguardando uns pelos outros, até a cidade de San Pedro. 


E depois de um dia maravilhoso de pedal, de quase 50 km, cheguei morta de fome! A única coisa que tinha comido era uma bolacha com a Monia, enquanto aguardávamos o pessoal no Vale de Marte. Fomos até o Café Nativo, onde geralmente tomamos café, e jantamos. Os dois casais, como tinham almoçado há pouco tempo, nos acompanharam tomando suco. Monia e eu batemos uma pratada de macarrão!



E assim concluímos mais um dia maravilhoso no Deserto do Atacama. Nem preciso dizer que nessa noite dormimos como um bebê. 

Pedal - distância e altimetria
48,3 km pedalados (Uns 5km trekking)

Altimetria - ganha e perda de 796m



Resumo do dia:
O pedal foi incrível! Mais uma realização de um sonho. Foi uma pena não termos chegado a Quitor, em compensação, os Vales da Lua e Marte ficarão para sempre gravados em minha memória. Se puder, pedale no Atacama!!

Gastos
CLP 10000 Bike - dia todo
CLP 1500 Bolacha 
CLP 2400 Água e suco - portaria Vale da Lua
CLP 3000 Entrada Vale da Lua
CLP 3000 Entrada Vale de Marte
CLP 6000 Jantar 
Total CLP 25900 (R$ 155,40)

link de pesquisa: https://www.seumochilao.com.br/

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