segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

PORTUGAL - KAU & FI - GUIMARÃES - 02/01/2012

Hoje, quando acordamos, percebemos que a chuva havia cessado. Tomamos o nosso penúltimo café da manhã juntos e saímos para comprar umas coisas. Embora seja o aniversário de Filipe, nós dois não comemoramos dias 'especiais', por concluirmos que todos os dias o são! É muito bom que nossa forma de pensar seja parecida em praticamente todas as coisas.

Seguimos para Guimarães e andamos pelo centro da cidade. Aproveito para fazer algumas fotos pelo centro histórico, agora, de dia. 






Encontramos um conhecido, do grupo Pedaladas de S. Torcato. Filipe manteve minhas mãos entre as suas enquanto conversava com ele. Quando nos afastamos, olho para ele e apenas dou risada, pois sei o que irá me dizer se falar qualquer coisa. 

Comento que queria levar um calendário daqui, para minha querida amiga Pâmela e ai começamos a 'caça ao calendário'. Depois de procurarmos em todas as lojinhas de artesanatos, bancas de jornais, lojas convencionais, Filipe teve uma ideia. Fomos a uma empresa de ônibus, nos guichês que vendem passagem, e pedimos um calendário. Rapidamente o rapaz nos passa 3 unidades. Apesar da foto do ônibus estar em evidência, era também possível avistar o Castelo de Guimarães logo atrás. Sorri, agradecemos e partimos. Na sequência, passamos na loja para pegar as bikes que deixamos para a revisão. Acho estranho que a orbea, a bike que Filipe havia me emprestado estes dias, estava em uma caixa. Quando pergunto a razão disso ele me explica: 'Agora ela é sua!' Como assim? Uma bike que no Brasil custaria algo em torno de uns R$ 7.000,00 de presente? Completamente emocionada abraço ele e não consigo dizer mais nada. 

Vamos até o supermercado, fazemos a compra para o nosso jantar e retornamos para casa. Ganho mais um bibelô de Filipe. 



Ao chegarmos, arrumo minha mala e já deixo tudo pronto para partir no dia seguinte. Filipe me diz que ainda tem mais uma surpresa. Me leva até o outro quarto, pega um papel tipo cartolina e abre. Neste momento tenho um baita susto... sou eu! Ele sabe desenhar e conta-me que já havia anos que não fazia isso. Me pede desculpas pois, devido a 'falta' de treino, não ficou perfeito... completamente extasiada, abraço-o e beijo. Depois, peço que fique de frente ao seu desenho para que eu faça uma foto.





Preparo nosso jantar com muito carinho! Faço um escondidinho de carne moída, que ficou simplesmente delicioso. Filipe come até quase 'cair para o lado'. 


Limpamos a cozinha e depois seguimos para nossa cama. Estamos em silêncio. É muito difícil pensar no dia seguinte, em nossa despedida e as incertezas que os próximos dias nos trarão.

No dia seguinte, acordamos com aquela sensação de 'ressaca', não devido a bebida em si, mas a tristeza que a noite nos trouxe. Praticamente em silêncio, seguimos para o carro e na sequência aeroporto. Chegamos mesmo 'em cima' da hora. Fiz o chek in e chega a 'hora da verdade'. Nos abraçamos com todas as forças, nos beijamos como se fosse a última coisa que faríamos na vida e, sentindo as lágrimas em enxurradas molhar todo meu rosto e blusa, entrei na fila do raio x. A cada passo, olhava para trás, vendo-o cada vez mais longe. Seu rosto de sofrimento, com olhos tristes, pareciam distantes, sem vida... coloco minhas coisas sobre o rolete, olho para trás pela última vez, levanto a mão em um sinal de adeus e sigo aos prantos. 

Por sorte, assim que passo pela polícia federal, observo a fila se formar no portão que foi liberado para o voo ao Brasil. Tenho aquela sensação de 'dormência' no cérebro. Assim que entro no avião, sento-me e ligo o computador. Começo a rever todas as nossas fotos, até que a comissária pede-me para desligar, pois o avião irá partir. Desligo e durmo profundamente. 

Saí às 9h00 de Portugal, por isso, às 19h00 já estou no Brasil. Infelizmente tenho a pior 'Boas Vindas' pois, ao pensar em sair, fui 'convidada' a passar pela Policia Federal, devido a grande caixa da bike, que acabo de ganhar de presente. Apesar deles a terem aberto, percebido que já era usada e de todas as explicações sobre meu novo presente, sou obrigada a pagar 700 reais, 300 de imposto e 400 de multa, por não a ter declarado. Meu ódio foi tão grande que, se pudesse, pegaria o primeiro voo de volta a Portugal... país de m... 

Meu pai veio me buscar sozinho, pois sabia que eu tinha a bike para levar para casa.

Ao chegar, ligo o computador para falar com Filipe. Ele estava arrasado. Conversamos um pouco e tento confortá-lo dizendo que em breve estaremos juntos. Percebo neste momento que ele se esforçou para me dar garantias de que nada do que passamos fora em vão... a aliança, a bicicleta. No entanto, não deixei nada que desse as mesmas garantias para ele.  Me sinto deprimida quando penso nisso...

Os próximos dias foram bem difíceis para nós dois. Rapidamente começamos a traçar planos para nos ver, novamente. Filipe me fala que suas férias serão em agosto. Por isso, sem sabermos se seria possível, marcamos nosso próximo encontro para daqui 7 meses, em solo brasileiro.

Após alguns dias, fiz um vídeo para Filipe que o deixou muito emocionado e representa exatamente nossos primeiros dias juntos.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=pvinShlZ_dg

Foi um período muito difícil... mas não me arrependo de absolutamente nada! Simplesmente não podemos lamentar a noite, apenas por que o dia acabou... todas as maravilhosas lembranças que tivemos, nos deu luz suficiente para suportar os dolorosos meses seguintes e, após este tempo separados, nosso reencontro foi novamente maravilhoso. Por isso, só tenho a agradecer:


Obrigada vida...

domingo, 1 de janeiro de 2012

PORTUGAL - KAU & FI - VIANA DO CASTELO E PÓVOA DE VARZIN - 01/01/2012

Ontem a noite pretendíamos ir até Guimarães, para ver a queima de fogos da virada do ano... mas começou a chover no período da tarde e isso foi se estendendo até a noitinha. Com o frio que está e, para 'ajudar', chovendo, sair de casa é algo que fica fora de nossos planos. Por isso, decidimos assistir TV até o sono chegar e isso aconteceu antes da meia noite. Quando ouvimos os fogos, Filipe foi até a cozinha e trouxe para a cama uma champanhe e duas taças. Brindamos ao nosso amor e voltamos a dormir. 

Hoje amanheceu com a mesma chuva de ontem... pretendíamos ir aos moinhos, em Viana do Castelo, mas Filipe disse-me que com esta chuva seria impossível. Nosso tempo aqui está acabando e isso nos deixa tristes, por isso, aproveitamos para conversar muito. Ele começa a contar como foi sua vida, da infância até a fase adulta. Conta-me como conheceu o primeiro amor de sua vida, como resolveram ficar juntos e, infelizmente, como foi difícil quando ela morreu. Ele me diz que tem muitos vídeos desta época e peço que coloque um para assistirmos. Ele fica feliz e rapidamente coloca o primeiro filme. Lembro-me que, na mesma época destes filmes do Filipe, meus tios tinham o hábito de fazer filmagens da família reunida. Isso parece não ter muito valor até se passar muitos anos ou quando perdemos alguém na morte. Filipe era tão novinho nos vídeos. Penso também no momento em que a vida decidiu nos unir... com a nossa diferença de idade, se nos conhecêssemos antes, não teria havido nossa história. Após os vídeos, ele pegou uns álbuns maravilhosos! Seu pai era fotógrafo e, por isso, ele tem muitas fotos. Que bebê lindo, que Filipe era! Ele me pergunta se quero ter filhos... me diz que, se quiser, concorda em ter mais alguns. Digo a ele que não está nos meus planos. Ele acha isso meio estranho, mas explico a ele que prefiro pedalar. (Rimos...) 

Na hora do almoço, Filipe faz novamente uma sopa, que comemos na cama. Após a refeição, ele pega a bandeja e sai do quarto. Ao voltar, está com uma pequena caixa nas mãos. Ele senta-se no chão e eu faço o mesmo. Quando abre, percebo que é um porta-jóias. Ele me mostra várias jóias de família, todas bem guardadas, em pequenas caixinhas. De repente, ele pega uma aliança... olha sério para o anel e me conta que foi com esta aliança que seu pai pediu sua mãe em casamento. Sinto um arrepio subindo, dos pés a cabeça. Ele diz não saber muito sobre como teria sido mas conclui dizendo que, com certeza, o amor deles não era tão intenso como o nosso. Após dizer isso, olha para mim, segura minha mão e diz: 'Não sei como entenderá isso e, se não quiser eu compreenderei. Esta aliança pertenceu a uma pessoa muito importante para mim e desejaria ver nas mãos de outra pessoa que assim o fosse. Ela permaneceu nesta caixinha durante vários anos mas agora, sinto ter encontrado o que procurava... Você me fará o homem mais feliz do mundo se deixasse à colocar ai, para nunca mais sair.' Enquanto ele dizia isso, meus olhos, fixos nele, foram sendo inundado por uma emoção sem precedentes até que, ao final de sua frase, uma enchente inundou meu rosto. Com minhas mãos sumindo, dentro de suas mãos, sinto um metal frio adentrando meu dedo anelar e, sem desviar meus olhos dos dele, me aproximo e o beijo ternamente. Não consigo dizer absolutamente nada, apenas o beijo. Após alguns segundos, digo apenas: 'Obrigada...' Na verdade, eu gostaria de ter dito muito mais que isso... era um obrigada por confiar em mim, obrigada por ter aparecido em minha vida, obrigada por ser quem é e obrigada por me amar desse jeito. Consigo enfim olhar, para minhas mãos, e apreciar o grande presente que a vida me deu. Percebo que ela precisa ser polida. Uso pela primeira vez uma técnica que aprendi na infância, com uma secretária de minha mãe. Batom vermelho dá polimento a ouro! Vou até minha bolsa, pego o batom e aplico num papel macio. Após isso, esfrego a aliança sobre o batom que, após um tempo, está brilhando. Digo que gostaria de ter uma para dar a ele também. Nisso, ele abre novamente a caixinha, remexe as joias e separa várias peças velhas, estragadas, brincos sem par, etc. Ele me dá e diz: 'Pronto. Material para isso você já tem. Basta derreter e também terei uma aliança!' Guardo tudo comigo e prometo a ele fazer isso, assim que chegasse no Brasil. Ele ainda me dá mais presentes: uma correntinha de ouro, que ganhou em sua primeira comunhão, um par de brincos e um anel de coração, lindíssimos. 

No período da tarde, digo a ele que preciso sair. Nos vestimos e vamos em direção a Viana do Castelo. Está garoando e o tempo está bem fechado. Aproveito para fazer uma 'fotinha' nossa, dentro do carro, com meus lindos presentes!



Ele me leva aos moinhos, um lugar que gostaria muito de conhecer. 

Moinhos de Vento, Areosa -  Situado na orla costeira de Viana do Castelo, estes moinhos foram edificados durante o século XIX. Devido aos fortes ventos na região, estes moinhos foram muito importantes para os moradores que utilizavam, a base de energia eólica, para moer grãos e transformá-los em farinha. 

As imagens que vou colocar aqui são da internet.





Infelizmente as minhas fotos, devido ao tempo, ficaram horríveis. Aliás, Filipe não queria sair do carro, mas insisti tanto que ele acabou concordando. Abrimos os guarda-chuvas e seguimos por esta passarela, da imagem acima. Consegui fazer meia dúzias de fotos. Os ventos eram tão fortes, que mal conseguia firmar a mão para fotografar.





Após isso, fomos acometidos por um vento que virou a minha sobrinha e a destroçou. Eu tive uma crise de riso. Saímos correndo e voltamos para o carro. 



Ligamos o carro e partimos. Aqui, as cidades são praticamente como umas vilas, pois são pequenas. Seguimos pela via paralela a praia e após alguns quilômetros estávamos em Póvoa de Varzim. Aqui, fomos ao Restaurante Farol, próximo aquele Farol que fomos no primeiro dia. É bem interessante pois, suas janelas, são como escotilhas dando a sensação de estarmos dentro de um navio. 




A chuva não permitia que víssemos nada do lado de fora. Ouvíamos o assoviar do vento. Mas, o que realmente importava, é que estávamos nos divertindo! Pedimos crepes de chocolate e café. 





Após nosso 'jantar', seguimos para passear um pouco mais. Passamos em frente ao Cassino e Filipe propôs que entrássemos lá! Concordo imediatamente. O edifício, dos anos 30, tem um estilo neoclássico e é responsável por, além dos jogos, vários espetáculos durante o ano. 




  
Olha os grandes artistas que já passaram por aqui! Perceba que a quarta foto é de nosso Rei Roberto Carlos.



Após esta foto, levo a maior bronca pois é proibido fazer fotos aqui dentro. Bem chateada, guardo a câmera, passeamos por tudo e partimos. 

Seguimos por mais alguns quilômetros, pela via paralela a praia, passando por Vila do Conde e depois voltamos pra casa. Ainda faço mais umas fotos durante o caminho de um mosteiro, da rua enfeitada e de uma caravela atracada. 





Retornamos para casa e deitamos para assistir TV, namorar e suspirar, devido as memórias do dia mais romântico de toda a minha vida...