quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

PORTUGAL - KAU & FI - PONTE DE LIMA - 28/12/2011

Hoje a temperatura não está diferente dos outros dias... gira em torno de 03º e 13ºC. Para mim, qualquer coisa abaixo de 20º C é frio, por isso, me recuso sair da cama antes das 08:30 pois, nesta hora, a temperatura está muito perto dos 3º C. Aqui, o sol decide dar o 'ar da graça' umas 10h e é somente ai que consigo também 'aquecer os motores'. 

Após nossa rotina de café da manhã, começamos a nos preparar para sair. Já estamos há dois dias sem pedalar, por isso, ontem passamos na loja de bike, consertamos o rolamento da roda que estava fazendo barulho e nosso plano é 'estreia-la'. Filipe disse que me levaria a outro de seus lugares preferidos. Temos falado muito sobre o Caminho de Santiago e isto o faz lembrar deste lugar, mas não me diz onde será... diz apenas que faz parte do Camiño Português, do Caminho Santiago de Compostela. Aqui nesses dias, tudo tem sido surpresas. 

Ao chegarmos na vila, vejo as placas indicando 'Ponte de Lima' e, assim que paramos o carro, compreendo o porque do nome, pois há a ponte maravilhosa que corta o Rio Lima. 

Ponte de Lima - Trata-se de uma vila, de Viana do Castelo, que tem em sua principal característica a arquitetura medieval, principalmente próximo ao Rio. Foi um local muito importante desde a era Romana. A ponte foi erguida durante a invasão romana à península ibérica, provavelmente no século I, sob o governador Augustos. Na idade média teria sido ampliada, por D. Teresa Leão, mantendo os mesmos arcos medievais, tipicamente romanos.

Além de ser a mais antiga vila de Portugal, na primavera, é conhecida também por ser a vila mais bela e florida do país. Por enquanto, não posso afirmar isso, pois o inverno me permitiu apenas ver sua beleza bucólica. Outro ponto importante é ser reconhecida por ter um bom Vinho Verde e o Arroz de Sarrabulho, muito apreciado na maioria dos restaurantes por ali.


Enquanto Filipe tira as bike's do carro, eu faço as fotos. Fico admirando as belas bike's dele! Aqui no Brasil uma bike como esta custaria uma fortuna. Na Europa, embora não custem baratas, são 1/3 do que pagaríamos aqui. 





Ao terminar a minha sessão de fotos, com a modelo 'orbea', sigo pedalando pelo calçadão. Filipe continua fechando o carro, arrumando sua bike e eu, pedalando em direção a ponte. De repente, decido ver se ele ainda está parado e dou uma olhadinha para trás. No que faço isso, perco o equilíbrio da bike, esqueço que estou clipada e BUM, caio no meio do calçadão, em frente a um montão de pessoas. Nossa... que vexame! Abaixo a cabeça, desclipo o pé do pedal e vejo um senhor correndo em minha direção. Quando ele chega bem perto grita, com aquele típico sotaque português: 'Rapariga, aleijas-te?' Primeiro, olho muito séria para ele e após respondo, já meio que sorrindo: 'Espero que não!' Nisso, Filipe, que estava a quilômetros de mim, chega esbaforido por ter pedalado correndo e pergunta: 'Claudia, o que foi agora?' Eu já estou em pé, dando risada e digo que não foi nada. Agradeço a bondade do senhor, que desejou não ter me aleijado, e sigo pedalando, enquanto Filipe fica lá explicando a ele o porque cai... deve estar dizendo: 'Esta lerdinha não dá conta de girar o pé para removê-lo do pedal, blá, blá, blá'... rs. Filipe me explica mais tarde que aleijar-se, aqui em Portugal, é o mesmo que machucar-se no Brasil. Ele não para de rir quando explico a ele a tradução do que o senhorzinho teria me perguntado, se estivéssemos em meu país.

Seguimos pedalando e fazendo fotos neste paraíso. 





Na beira do Rio Lima, há muitas estátuas grandes e representativas, homenageando momentos históricos da vila. 

Lenda do Rio Lethes - O Rio do esquecimento.


Monumento à Ocupação Romana


Memória do Campo - monumento destinado a homenagear o camponês e a lavoura. Inaugurado em 03/10/2010


Homenagem a Feiras Novas - No segundo final de semana de setembro, quando o sol quente do verão se preparar para a despedida, Ponte de Lima comemora uma de suas maiores festas, as Feiras Novas. Esta celebração ocorre desde 1826.


Avenida dos Plátanos - Muito comentada em poesias e músicas portuguesas, estas árvores centenárias, plantadas em 1901, formam uma bela paisagem, mesmo neste período do ano que estão sem as folhas...




Logo que começamos a pedalar pela ciclovia, passamos a ver referências ao Caminho de Santiago. 



Há ciclovias nos dois lados do Rio Lima. Depois de nosso passeio, descubro um guia bem interessante, no site da vila, que conta inclusive com aluguel de bike's e guia. 



Seguimos inicialmente pelo lado esquerdo, da primeira margem. Era difícil conter o sorriso ante as belíssimas paisagens...



Antes de atravessar a ponte, decidimos fazer um pequeno passeio pela cidade. 


Museu dos Terceiros - localizado no Antigo Convento dos Frades Menores, da Província da Conceição e na Igreja da Ordem Terceira, sacristia, este museu é um dos mais notáveis de Ponte de Lima e do Minho. Criado em 1974, suas coleções incluem um importante conjunto de estátuas religiosas, azulejos, pinturas, etc. 



Praça de Camões - uma praça marcante, com um chafariz setecentista na parte central e alguns cafés de referência, da vila. 



Monumento ao Conde D'Aurora - escritor e divulgador das histórias cotidianas, de Ponte de Lima. 



Homenagem ao Touro - A 'Vaca das Cordas' é uma corrida tradicional, em Ponte de Lima, onde touros correm ao ar livre.  De acordo com uma lenda local, tal tradição teve origem na primitiva Igreja Matriz. Quando o antigo templo pagão transformou-se em igreja cristã, uma imagem bovina de uma deusa teria sido retirada dali. De acordo com a lenda, a imagem teria sido presa por cordas e arrastada pelas ruas da vila, para demonstrar que ela não tinha valor algum. 



Igreja Matriz - Edificada ao mando de D. João I, em 1425, pode ter sido concluída em 1446. Ao longo dos séculos sofreu várias transformações e ampliações, possuindo vários estilos - românico, gótico e neoclássico.




Após o passeio, atravessamos os 300m da ponte e seguimos por uma ciclovia, que passa debaixo da ponte, para o lado esquerdo. 




Inexplicavelmente a ciclovia acaba no meio do nada. Filipe achou estranho pois havia ouvido falar que ela era imensa... ele até insistiu que seguíssemos um pouco mais, mas não tinha como seguir devido a lama...


Retornamos alguns quilômetros e entramos por umas trilhas, sem saber onde sairíamos... apesar do caminho ser lindo, com belas plantações de uvas, eu não conseguia olhar em volta. A estrada estava cheia de buracos e lama... com a 'destreza' que tenho para tirar o pé deste pedal, por vezes, me imaginava cheia de lama, após uma possível queda.



De repente, chegamos a uma via pavimentada e seguimos por ela. Passamos por algumas residências e, em frente a uma casa, vejo algo que me chama muito atenção. Quando pergunto para Filipe o que é, ele me diz que é um pé de Kiwi. Claro! Kiwi... digo a ele que achava que nascia no supermercado, pois nunca havia visto um pé de kiwi... ele ri muito!




Está cansativo andar pela estrada, por isso, entramos em uma trilha e chegamos a um parque. Pedalamos um pouco e logo vimos uma ponte de madeira magnífica. Sem saber onde chegaríamos, entramos e passamos a pedalar por ela... foi fantástico! Ao sairmos de lá, pesquiso um pouco e descubro do que se trata:

Lagoas de Bertiandos e S. Pedro de Arcos - Declarada Zona Húmida de Importância Internacional, pela raridade de seus habitats e pela elevada biodiversidade que sustenta, a área protegida desenvolve-se em torno de duas lagoas margens do Rio Estorãos. A área, com 350 hectares, possui uma infra-estrutura de apoio que merecem destaques, como postos de observação, torres e ecovias devidamente sinalizadas. 

E foi exatamente aqui que nós chegamos, completamente 'sem querer'...  



Foi extremamente delicioso pedalar por aqui! Entramos pela saída e, devido a isso, não vimos nenhuma sinalização ou placas. Ao sair, então pela entrada, lemos as placas que proibiam o trânsito de bike's por aqui. Demos sorte danada por não ter encontrado ninguém, caso contrário, levaríamos uma bronca. Rimos e seguimos em frente. 


Saímos novamente na via pavimentada e começamos a retornar para o carro, pois o tempo estava mudando, parecendo até que iria chover. Aproveitamos para fazer algumas fotos rápidas, pelo caminho.




Estátua do Gal. Decius Junius Brutus - Esta obra em ferro e granito, com mais de dois metros de altura, foi uma maneira de reivindicar a lenda para o atual local, visto que estudiosos criam que a lenda de Lethes teria se passado nas margens do Rio Lima, mas em outra parte do rio. Foi inaugurada em 10/06/2009.



Quando chegamos ao carro, eu já estava passando mal com o frio. Enquanto Filipe guardava as bike's, entrei e coloquei toda a roupa que havia deixado ali. Ele havia trazido uns lanches que pretendíamos comer tipo pic nic, em algum gramado lá fora... mas tive que decepcioná-lo e pedir para comermos dentro do carro mesmo...



Este na minha mão é o famoso pão de ló com queijo, meu atual lanche preferido!


No caminho de casa, ainda demos uma fugidinha da rota para conhecermos mais um santuário importante.

Santuário de Santa Luzia - Localiza-se na cidade de Viana do Castelo, sendo o cartão postal da cidade. Do alto da montanha, onde foi construído, é possível ter uma vista deslumbrante da região, do complexo montanhoso, do mar e do Rio Lima. De acordo com a National Geographic Magazine, possui o 3º melhor panorama do mundo.

A arquitetura desta igreja é mesmo fantástica... e a vista, sem comentários!






Daqui, passamos na Decathlon, compramos uma garrafinha térmica (para passarmos a carregar um chá quente, para a friorenta aqui), e passeamos pela loja inteira. Comprei também uma mochila de hidratação por apenas 17,00 euros. No Brasil, a mesma mochila, com a mesma marca, custava R$ 120,00. Depois, voltamos para nossa casa, a fim de preparar o jantar e descansar. Hoje, nossa refeição foi um delicioso macarrão preparado pelo 'chef' Filipe. 

Obrigado Vida!

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