quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

ERA UMA VEZ... KAU + FI, COMO TUDO ACONTECEU

Sempre sonhei com aqueles romances de cinema, onde a mulher encontra um homem maduro e romântico, que a ama profundamente, larga tudo por ela e são felizes para sempre... talvez por isso, comecei a namorar muito cedo, aos 17 anos, e rapidamente descobri que os 'romances' da vida real são bem mais chatos que isso, cheios de brigas, desentendimentos, ciúmes e, as vezes até, traições. Desconsiderando completamente o momento inoportuno, devido a minha pouca idade, casei-me aos 18 anos, infelizmente com a pessoa errada... Eu sempre achei que suas ações, eram provenientes de uma vida difícil que havia tido, após ter sido rejeitado por seu pai biológico, criado por sua avó, perdê-la numa difícil luta contra o câncer e, por fim, ter ido morar com a mãe e um padrasto que nunca o teria amado. Cedo na vida, teve de cuidar de si, morando sozinho, passando todos os tipos de necessidades e privações. Por tudo isso, acreditava que se ele fosse coberto de muito carinho, atenção e amor, passaria a demonstrar o mesmo pelas pessoas, em especial por mim, coisa que era difícil de observar. O tempo foi passando e após 6 longos anos, não notava nenhuma diferença. Isso me cansou e, completamente desgastada, decidi colocar um ponto final naquela relação. Se eu soubesse que isso o faria acordar, teria blefado antes, quando ainda o amava, pois foi exatamente neste momento que ele acordou e fez de tudo para que pudéssemos continuar juntos, mas não havia mais esperanças.  Já ouvi dizer que mulher, quando diz que acabou, é por que ela já tentou mesmo tudo e posso dizer que, no meu caso, foi exatamente isso. 

Casamento desfeito, passei a agir como uma 'adolescente' que não era. Mas, o que esperar de uma criança que casa-se, tenta brincar de 'casinha' em um fogão de verdade e tem toda sua esperança convertida em frustração? Neste período, conheci muitas pessoas legais mas, infelizmente, muitas pessoas más e aproveitadoras também. Vi o melhor e o pior lado dos seres humanos. Foi quando conheci uma pessoa que me ajudou muito. Posso dizer que o segundo 'homem da minha vida', foi primeiramente um grande amigo, daqueles que mostram o melhor lado da vida, das pessoas, de sentimentos como amizade e bondade. Os primeiros 4 anos de nossa relação foram de muitas alegrias. Ele me incentivou a ir em busca de antigos sonhos, como voltar a estudar, para que eu pudesse ser alguém na vida e esteve do meu lado quando isso aconteceu. O único problema foi quando continuei seguindo em busca de meus sonhos... meu pai me ajudou a ter meu canto, o apartamento dos meus sonhos! Neste ínterim, fiz meus planos que envolviam morar um ano sozinha e, após o término da faculdade dele, casar para enfim sermos felizes para sempre. Mas, percebi que a sua ideia era bem diferente da minha, quando me disse que não faria o que 'eu' achasse que era ideal para nós. Terminamos pela primeira vez e passamos alguns meses distantes um do outro. No entanto, aquela mudança que eu havia feito em minha vida, de morar sozinha, conferia um grande medo da solidão e, para ajudar, os 'nossos' amigos eram todos praticamente amigos 'dele'. Após alguns meses reatamos, talvez mais por mim do que necessariamente por ele. Achei que algo mudaria mas, após um ano, percebi que ele se mantinha fixo em sua decisão: permanecer 'solteiro', na casa de seus pais, para o resto de sua vida... Isso não era o que eu queria e, como as nossos objetivos eram bem diferentes, para evitar confrontos, decidi esquecê-lo. Seria possível fazer isso? Descobri que sim... Comecei a relacionar mentalmente todas as suas falhas e defeitos, até que isso superaram imensamente suas qualidade. Inconscientemente, comprei um cãozinho que ajudou a fazer o restante, ocupando todo o meu tempo com muito amor, carinho e companhia. Lembro-me quando percebi que o nosso relacionamento, já bem desgastado, estava acabado. Neste momento, meu ex marido e, logo após, minha avó morreram. O apoio dele foi muito importante para mim, me deixando bem confusa. Quando estava restabelecida, decidi novamente tentar terminar nosso relacionamento  mas aí, foi a vez dele precisar de mim, pois sofreu um acidente de moto e ficou muito fragilizado. O tempo foi passando e eu sabia que não havia mais esperanças de voltar a amá-lo. Nesta época, decidimos tentar fazer algo juntos, para tentar reavivar nossos sentimentos. Escolhemos  para isso um esporte: começamos a andar de bike. Compramos as bikes e me apaixonei perdidamente pelos passeios em trilhas e  pequenas viagens, entre as cidades da região. Ele não levava a bike tão a sério como eu. Ao invés de ser uma atividade em casal, 'entrei de cabeça' e passei a pedalar sem ele, com grupos às terças, quintas, sábados e domingo. Quando muito, ele me acompanhava 1 dia, aos finais de semana, e como não poderia deixar de ser, ele sofria muito devido a seu baixo condicionamento em relação ao meu. O que era para nos unir, acabou por nos separar de vez. Lembro-me exatamente do dia que estávamos, cada um em sua casa, conversando pelo facebook, e assumi a ele o que a muito tempo sentia: eramos grandes amigos, apenas isso. Ele me disse que já havia percebido e me pediu para ter calma, que tudo iria mudar. Dei mais alguns meses a ele, mas não notava nenhuma mudança e foi exatamente neste momento que conheci outra pessoa...

Um belo dia, postei em minha página, no facebook, um vídeo de Gianecchini falando sobre seu câncer e recuperação. Era um vídeo muito emocionante que abordava coisas simples, mas importantes na vida, que muitas vezes não damos o devido valor. De repente, um rapaz chamado Filipe me manda uma mensagem in box, dizendo que não sabia que este famoso ator estava doente. Pensei com 'os meus botões': em que país este cara mora?? Quem não sabe que Gianecchini está com câncer? Sem dar muita importância, respondo: 'pois é, ele está doente'. Na sequência, ele escreve mais uma porção de coisas que não faziam o menor sentido. Li aquilo e pensei: 'Que cara doido, deve estar bêbado logo cedo' e escrevi na sequência: 'Desculpe, mas não entendi nada do que escreveu'. Fechei a janelinha disposta a não mais escrever... mas, ele insistiu. Pediu desculpas e disse que em Portugal a escrita é um pouco diferente da nossa, no Brasil. Nesta hora, se eu fosse um 'emotion', teria ficado com as bochechinhas rosas. Foi a minha vez de pedir desculpas e tentar compreender o que ele dizia. Rapidamente nossa conversa deslanchou para nossa maior paixão: Bike. Descobri que ele andava todos os dias 80 km, 40 para ir e 40 para voltar do trabalho. Achei aquilo simplesmente o máximo! Ele me contou também, que aos finais de semana, andava de bike com um grupo e ai percebi o porque tinha a ele em meu face... uns amigos meus, fariam o Caminho de Santiago de Compostela no ano seguinte. Por isso, comecei a procurar uns grupos de bike na Espanha e em Portugal, para tirar algumas dúvidas e havia chegado no grupo Pedaladas de São Torcato, o grupo que ele pedalava aos fins de semana. Havia adicionado algumas pessoas mas, até então, nem tinha chegado a falar com eles. Aproveitei as conversas com Filipe e comecei a falar sobre o Caminho de Santiago. Descobri que haviam muitos caminhos e eles conheciam profundamente o português partindo de Guimarães, cidade onde ele trabalhava. Ele me mostrou as fotos e me contou tudo sobre a cicloviagem. Eu viajava em suas histórias, desejando um dia poder fazer o mesmo. Passamos uns dois meses conversando e, o mais engraçado, é que só falávamos sobre isso, até que um belo dia comentei com ele que faria uma viagem de bike, com uns amigos, e que na volta eu terminaria um namoro que durou quase seis anos. Foi a primeira vez que falava mais abertamente sobre a minha vida com ele, que rapidamente me perguntou o que tinha acontecido e passei a contar. Neste dia descobri que ele também tinha uma namorada, que tinha sido casado e dois filhos deste primeiro relacionamento. 

Assim como havia decidido, ao voltar de minha primeira cicloviagem, à Ilha Comprida, terminei o meu relacionamento. Foi difícil, pois não havia rancor, mágoas... só não havia mais amor. Me senti péssima ao fazer isso, mas sabia que era necessário. Inicialmente meu ex se mostrou muito maduro e deu o espaço que pedi, se afastando completamente de mim. 

Isso me abriu caminho, mas não fazia o menor sentido. A única pessoa interessante, que não saia de minha cabeça, estava a uns  10 mil km de distância e tinha uma namorada. Por isso, compreendi que eu estava mesmo precisando dar um tempo para mim, destas coisas de relacionamento. Eu só não contava que o Filipe sentisse o mesmo que eu... 

Na manhã seguinte, assim que voltei de viagem, logo que Filipe me viu 'on line' já foi perguntando: Vocês terminaram?? Ao que respondo: Sim. Ele passou um bom tempo sem escrever nada e eu também não sabia o que escrever, pois me sentia muito deprimida. Mas ai, ele escreveu algo tão lindo... 
'Está acontecendo algo muito estranho. Todos os dias, antes de dormir, você é a última coisa que penso e a primeira, quando acordo. Penso em você o tempo todo e tudo que acontece em minha vida, corro logo para o computador, pois quero contar a você. Acha isso normal?'
Fiquei pasma, ao ler isso, pois era exatamente como me sentia... apenas escrevi: 'Sei o que está sentindo... sei exatamente!' Ele então me perguntou: 'Acha que um dia será possível que agente venha a se conhecer, pessoalmente?' Ao que respondo: 'Acho difícil... mas, se a vida assim o quiser, quem sabe?!?' Neste dia, ao chegar em casa, passamos a nos falar pelo Skype, com a câmera. Jamais vou me esquecer de seu sorriso, ao me ver pela primeira vez. Quase viramos a noite conversando... foi mesmo difícil dizer 'boa noite' e desligar. Á partir deste dia, nos falávamos todos os dias, o dia inteiro!

Os dias foram passando e ele começava a dar o 'bolo' na namorada dele. Sempre que isso acontecia eu vibrava muito! Um dia foi porque sua 'mãezinha ficou doente', no outro ele simplesmente disse que estava com dor de cabeça... ele até começou a deixar de pedalar aos finais de semana, para que pudéssemos nos falar. É claro que sua namorada percebia algo estranho e eu não me sentia no direito de dizer a ele que devia terminar com ela, embora não achasse correto aquilo. Até que um dia, enquanto conversávamos, ela ligou no celular dele. Ela o colocou na parede e disse que se ele não tomasse uma decisão, estaria tudo acabado! Acho que era tudo o que ele queria pois, exatamente quando ela disse isso, ele respondeu: 'Se é isso que você quer, que assim seja...' Tadinha, ela deve ter se arrependido muito, por ter falado isso, pois deu a impressão que a decisão do término foi dela. Ao desligar, ele me disse sorrindo: 'Não tenho mais namorada, ou melhor, agora você é a minha namorada!' Ri de seu comentário, mas sinceramente estávamos muito mais tranquilos com esta situação... Não sabíamos qual seria nosso destino mas decidimos aguardar para ver.

Isso tudo aconteceu entre agosto e final de outubro de 2011. No início de novembro, ele me pergunta: 'O que vai fazer no final de ano?' ao que respondo: 'Nada'... 
Realmente, pela primeira vez, em muitos anos, eu não tinha nada planejado, pois eu sempre passava esta época com a família do meu ex. Por isso, ele me pergunta: 'Por que não vem para cá, passar o final de ano comigo?' Dou uma risada e digo a ele que é algo impossível, pois custaria muito dinheiro e neste momento eu com certeza não teria. Ele me disse que, se eu arrumasse o dinheiro para as passagens, ele pagaria tudo por lá. Começo a avaliar esta possibilidade... entro na internet, pequiso e descubro tudo o que seria necessário. 

Primeiro, fui trás da passagem, que custou uns R$ 2.700,00. Como eu não tinha todo este dinheiro, fiz um empréstimo parcial e comprei a passagem... lembro-me como se fosse hoje, sai em minha hora do almoço, fui ao banco e pedi para que um senhor pegasse a fila do caixa preferencial para pagar o boleto para mim, visto que havia uma fila quilométrica. Ao voltar para o trabalho, minhas pernas tremiam feito 'varas verdes' e eu iria explodir se não contasse a alguém. Foi justamente nesta hora que confidenciei a loucura a uma querida amiga, Pâmela Debiazzi que, de forma mais louca ainda, deu um gritinho e disse: Que legal!!!!, seguido de um longo abraço. Era tudo o que eu precisava! Nada de sermões ou questionamentos. Pâmela, você não sabe como foi importante para mim, naquele momento. Jamais me esquecerei de todo seu apoio e ajuda psicológica que contribuíram para que eu não surtasse, até a data. 

Depois disso, Filipe e eu começamos a nos preparar. Ele fez uma carta 'Comprovante de Alojamento e Despesas', visto que ficaria hospedada em sua residência. Lá, ele colocou todos os seus dados, endereço residencial e de trabalho, dizendo que ficaria hospedada em sua casa e assumindo as minhas despesas. Ele precisou reconhecer a assinatura e me enviou pelo correio, que chegou pouco antes da viagem. Fiz o plano de saúde internacional, que também é exigência do Tratado de Schengen (normas para entrada em países europeus). Também comprei uns euros para garantir que, caso alguma coisa saísse errado, poderia ficar hospedada em um albergue ou coisa assim. Tive coragem de contar a meus pais apenas uma semana antes da viagem. Disse a eles que havia conhecido um grupo de pedal, em Portugal, e estaria viajando até lá para pedalar e conhecer uns lugares. Ficaria hospedada na casa de um integrante deste grupo, que morava com sua mãe. (Não menti, só não contei tudo, hehe) Minha mãe agiu com certa naturalidade, dizendo que confiava em minhas decisões. Já meu pai, passou a semana sem falar comigo. Um dia antes de partir, meu ex veio me trazer um dinheiro, de algo que havia comprado para ele parcelado, em meu cartão de crédito. Pensei em falar sobre a viagem a ele neste dia, um pouco antes dele ir embora. Mas, como meu pai ainda estava muito irado comigo, não me deixou contar a ele e fez isso por mim. Tive vontade de matá-lo, ao ouvir dizendo:
'Senhor 'ex', a Clau já te contou que ela esta indo para Portugal conhecer uma pessoa?' (percebi sua cara de satisfação, pensado: 'me viguei de você, filhinha linda')
Com os olhos esbugalhados de susto, olhei para minha mãe e depois para meu ex, que estava parado de boca aberta, sem conseguir responder. Falo rapidamente: 'Não, pai, ele não sabia... contaria agora.' Peço para que ele me acompanhe até a porta e lá fora ele despenca... começa a dizer que não acredita que eu esteja fazendo isso, que não é justo, que sou louca. Percebo que não há nada que eu possa dizer, por isso, digo a ele que sinto muito... que estou seguindo minha vida e meu coração. Ele me pergunta se existe alguém me esperando por lá e eu digo que sim. Sem conseguir dizer mais nada, ele entra no carro e vai embora. 

Fico sentida que ele tenha descoberto desta forma. Nossa 'amizade', que até então seguia de forma disciplinada, acaba ali. Ele passa as próximas horas me mandando mensagens, tentando me chatear, mas desligo e celular e tento me concentrar em minhas próximas aventuras. Em aproximadamente 24 horas, estarei chegando a Portugal para cometer, com certeza, a maior loucura da minha vida! 

Em breve contarei mais detalhes...

Viagem para Portugal

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