sábado, 24 de dezembro de 2011

BRASIL / PORTUGAL - KAU & FI - VILA DO CONDE - 23 e 24/12/2011

O grande dia chegou! O dia da minha tão sonhada viagem a Portugal... a minha primeira viagem sozinha. Meu coração está ansioso pela viagem que, provavelmente, apresentará o 'homem da minha vida'... enquanto isso, meu cérebro, liga todas as sirenes vermelhas e grita: 'Qualé meu, se liga! Claro que não é nada disso! Este final de ano será, no máximo, uma grande viagem internacional, com um 'amor de verão' (neste caso inverno, no hemisfério norte) que ficará na memória... e depois, FIM!' Euzinha, bem no meio deste fogo cruzado, sem saber o que dizer ou pensar, sigo gritando com os dois: 'Calem a boca! Me deixem curtir o momento sem pensar em nada mais...' Depois deste monólogo logo cedo (entre cérebro e coração), tento seguir sem criar grandes expectativas.

Junto com minha família, seguimos em direção ao aeroporto de Congonhas, em SP... aliás, encontro justamente nisso uma forma de me distrair, pois morro de medo deste aeroporto! Pista pequena, cheia de incidentes e acidentes... quando lembro disso, rapidamente esqueço do restante. Saímos bem cedo achando que por ser véspera de feriado, dia 23/12, pegaríamos trânsito mas, estava bem tranquilo. Por isso, ao chegarmos, sentamos para comer alguma coisa, enquanto aguardávamos. Antes de partir, faço uma foto de mamys e Jaja, comigo. 


As horas foram passando... me despedi deles e entrei, para aguardar a hora do voo. Daqui, farei uma escala no Galeão, Rio de Janeiro, e somente depois seguirei até Portugal. Muito ansiosa, ligo meu celular e vejo que há muitas mensagens de meu ex. Dou uma olhada por 'cima' e percebo que se continuar olhando vou perder a minha paz, por isso, desligo novamente. Lembro-me que trouxe um livro bem romântico e pego para ler. 


Ao tentar lê-lo, percebo que minha mente está muito inquieta para se concentrar... acho que foi bobagem trazê-lo. Às 14:50 foi liberado a entrada no avião da Gol e exatamente às 15:48 o avião partiu para o Rio de Janeiro.



Ao chegar, faço o cheking novamente, agora para o voo internacional, passo pela polícia federal e entro na área do Free Shop, o paraíso dos produtos 'baratos'. Aproveito para comprar uns presentes para o Filipe. Compro um relógio da Adidas, um perfume, com formato de um altere chamado Davidoff Champion e uma caixa de Ferrero Rocher. Conforme as hora foram passando, fui ficando nervosa. Comecei a ter medo de sair tudo errado, tive medo do Filipe que encontraria... muitos medos... Não queria me sentir assim. Foi tão 'simples' estar aqui, e agora isso?!? Neste momento, dou um basta nesses pensamentos e mudo o rumo 'deles'. Continuo andando pelas lojinhas observando, lendo tudo e tentando me distrair. 

Às 19 hrs liberaram a entrada na aeronave, grande e espaçosa. Sentei-me ao lado de Sr. Guilherme, um senhor simpático. Ele trabalha como taxista, no Rio de Janeiro e está indo visitar a família para passar o final de ano por lá. Me conta um pouco sobre a situação difícil que seu país atravessa e, logo que termina sua história, quer ouvir a minha... 'travo no chaves' quando ele me pergunta pois, como vou dizer a ele que estou indo conhecer um homem? Após o susto inicial, penso um pouco e digo que estou indo passear e pedalar, mas acho que ele percebeu que respondi parcialmente a verdade e não pergunta mais nada. Em pouco tempo, o jantar foi servido e, após uma massa e vinho, dormi feito um anjo. 

Acordei com o avião passando por uma pequena turbulência, algo 'normal' entre os continentes da América do Sul e Africa. Á partir dali, não consegui dormir mais e terminei a viagem assistindo alguns filmes. 


Na chegada ao aeroporto, sentia o coração na 'mão', batendo forte, de forma desordenada. O medo de ser barrada na polícia federal era muito grande. Eu não trouxe grandes quantias em dinheiro e, se não aceitarem a carta do Filipe, talvez tenha que voltar no próximo voo. Sigo para uma fila, onde muitas pessoas sérias sequer conversavam entre si. Havia dois garotos na minha frente, vestidos com roupa esportiva, acho que da nike. Pareciam ser jogadores de futebol ou outro esporte parecido. Assim que chega a vez deles, o primeiro segue até o guichê e vai respondendo as perguntas do policial. Na sequência, o segundo garoto é chamado e ficam algum tempo ali conversando. Percebo que há algo errado, pois as outras pessoas tinham passado mais rápido. Na sequência, o policial diz algo e eles voltam para trás, com um olhar vago e perdido... foram 'barrados' de entrar no país. O policial então, olha para mim e me chama até o guichê. Se antes, estava com medo, imagine agora! Coloco todos os documentos sobre o balcão e os empurro para ele. Séria, sigo olhando em seus olhos tentando descobrir o que ele está pensando. Ele me pergunta de onde conheço Filipe, ao que respondo que pedalamos juntos no Brasil, certa vez. Mentir não é uma boa ideia mas, fui pega desprevenida. Ele passou a consultar o Filipe e pensei: só falta ele descobrir que o Filipe nunca esteve no Brasil. Ele ainda me perguntou quanto tempo passaria ali, onde iria, porque tinha vindo... foram tantas perguntas. Ao final do questionamento, ele ainda passou uns 30 segundos olhando para mim, para a tela, para o passaporte. Me senti mentalmente arrasada, pois tinha certeza que ele não me deixaria passar. Mas, após alguns segundos, ele enfim pôs o carimbo sobre o meu passaporte, apertou e me devolveu. Senti novamente o ar entrando em meus pulmões... meu coração, que antes dançava frevo, passou para um ritmo mais ameno, tipo valsa. Sorrio para ele, agradeço e sigo para pegar a minha mala. 

Feliz e radiante, assim que vejo a mala sobre a esteira, puxo com toda a força e a coloco sobre um carrinho. Trouxe uma camisa branca em um cabide, pois não quero que o Filipe me veja toda amassada. Passo no banheiro, coloco a camisa e sigo em direção a saída. Olho para a porta e já fico imaginando que, ao sair, vou ter que enfrentar a realidade e conhecer o tal Filipe. Meu coração novamente dança frevo. Sigo olhando atentamente a porta, passo após passo eeeee, antes de chegar na porta, sou abordada por um policial que me pede para segui-lo até uma pequena sala. O que? Não acredito! O que é que eu fiz, agora? Sem entender nada sigo a ele, indignada. Ao entrar, ele me explica que terá que abrir minha mala para verificar o que tem ali. Seguro a imensa vontade que tenho de responder: 'TEM ROUPAS, ORAS BOLAS!' e, em silêncio, abro a mala para que ele faça a inspeção. Rapidamente ele mexe em um lado, no outro e já desiste. Pede para eu fechar e me libera... ok, ok. 

Voltemos para a porta. Fixo meus olhos na porta inteligente que abre, a cada vez que alguém está perto, e sigo, passo após passo, até que ao estar próxima suficiente, ela abre, agora para mim. Olho para todos aqueles rostos e, tímida, abaixo a cabeça. Penso comigo: 'Ele já deve ter me visto e com certeza está vindo em minha direção'. Mas, ao sair pelo corredor de pessoas, ninguém vem até mim. Hello? Perdi alguma coisa? Será que ele não me reconheceu? Será que devo retornar e sair novamente? Olho em volta, rosto por rosto, e não encontro nenhum parecido com ele. Caramba... ele não está aqui. Chão saindo do pé em 3, 2, 1... mas saindo mesmo! Sigo em direção as cadeiras e ali sento-me, tentando entender o que está acontecendo. Será que ele foi ao banheiro? Continuo sentada, olhando e nada. Penso no que fazer... preciso ligar para ele. Pego meu celular. Por sorte, antes de vir, liberei-o para ligações internacionais. Abro meu caderno, vejo o número, digito e ouço a primeira chamada. Ele atende: 'Estou'. Respiro aliviada por ouvi-lo. Concluo que, se ele não quisesse vir me buscar, nem atenderia o telefone. Digo: 'Oi' e ele fala ansioso: 'Está chegando?', ao que respondo: 'Então... Na verdade, já estou aqui!' Ele grita: 'O que? Você não iria chegar às 12h?' Dou risada e digo: 'Não, falei para você que chegaria às 09h.' Ele diz: 'Meu Deus, entendi errado, estou indo!' ao que respondo: 'Calma... eu não vou sair daqui...' e dou uma risadinha. Desligo o telefone me sentindo meio frustrada. Mas, consolo-me imaginando como ele está se sentindo agora... sei que seus sentimentos são piores que o meu, com certeza. Por isso, tento não estragar este momento. A parte 'engraçada', é que eu tinha imaginado este encontro de várias formas mas em nenhum momento imaginei que seria assim. Pensei nos mínimos detalhes, tipo como estaria vestida, o que falaria, como o abraçaria, se o beijaria... enfim. Trouxe até a camisa branca no cabide. Mas agora, o frio aqui era tão intenso, que tive que colocar uma blusa de lã e uma jaqueta de couro por cima... A primeira lição que penso estar tendo aqui é: 'Não crie expectativas... apenas isso. As coisas nem sempre são como imaginamos.

Completamente 'xoxa', permaneci ali por uns 20 minutos até que o vejo entrando pelo saguão, com uma camisa xadrez, óculos de sol nas mãos e olhos cerrados, vasculhando tudo. Continuo sentada até que ele chega bem perto e faço um: 'psiu'. Quando ele me olha, sua expressão muda completamente e ele abre o sorriso mais lindo do mundo! Ele chega até mim, que permanecia sentada, passa suas mãos enormes pelas minhas costas e me poe em pé sem a menor dificuldade. Sem 'pensar duas vezes', me envolve em um abraço, trazendo sua boca na minha e me dá daqueles beijos de cinema. Quase morro de vergonha das pessoas em volta. Apesar das coisas não terem saído como imaginei, este momento superou o ocorrido recente. Ele me diz que temos que sair rápido pois deixou seu carro em um local proibido. 

Seguimos praticamente correndo e entramos em seu carro, um Pegeout 307. Ele não parava de sorrir e me olhar. Estávamos mudos. Tiro uma foto dele, pois foi o máximo que consegui fazer...



Respiro fundo e pergunto onde estamos indo. Ele me diz que levará em um de seus lugares preferidos, chamado Vila do Conde. Ele começa a me pedir desculpas... digo a ele para relaxar, que já passou... mas ele insiste dizendo que tinha planos de passar em uma floricultura, comprar um buquê de rosas e me aguardar sair pela porta... dou um sorriso e digo que consigo imaginar isso e só pela intenção já estou feliz! 

Chegamos a Vila do Conde. Aqui, há um belo calçadão, uma ciclovia e poucas pessoas na rua, provavelmente devido ao vento gelado. Seguimos caminhando até um farol, instalado em um pier. Não conseguíamos conversar muito, pois estávamos visivelmente tímidos e nervosos. 



Digo a ele para fazermos aqui a nossa primeira foto juntos. Ele me envolve em um abraço, eu puxo a câmera e faço o click... 


Havia um senhor pescando, próximo ao farol. Filipe pede a ele que faça outra foto nossa. 


Ao voltarmos para o calçadão, ele olha em volta, me puxa e simplesmente me dá um beijo delicioso. Ao término, ele diz sorrindo: 'Você não sabe o quanto esperei por isso!'

Seguimos para um restaurante, a beira mar, e pedimos um suco de laranja. Ali, passamos horas conversando. Era tudo o que precisávamos... Naquele momento, conseguimos ligar os corpos às vozes, que ouvíamos pelo computador. Devagar, íamos tocando as mãos e relacionando a textura da pele, a voz, a pessoa... foi nesse momento que nos apaixonamos novamente, agora, fisicamente.

Fomos almoçar em um restaurante da cidade dele, Famalicão. Quando sai do carro, tive a sensação de estar sendo vigiada. Digo a ele que compreenderei se ele quiser andar ao meu lado, como se fôssemos amigos... mas ele passa seu braço sobre meus ombros e me diz: 'Você é minha mulher...'

Infelizmente, tive vergonha de fazer fotos do restaurante. Era tipo uma taberna, uma edificação em pedra, com pequenas janelas que deixavam o ambiente um pouco escuro. Filipe pediu uma sopa de pedra, 
um tipo uma sopa de feijão, que parece mais uma feijoada, polvo de petisco e um prato de frango com batata frita, para mim. Odiei o polvo. Ele, todo animadinho, colocou um 'anelzinho' de polvo, em minha boca; aquilo foi crescendo, crescendo, multiplicando-se... eu fiz: hummmm, com uma cara horrorosa, e ele me disse: 'Não gostou, né?' Rimos... Ele encheu meu copo de vinho, virei de uma vez, para deixar de sentir o gosto do pobre polvo. O restante estava uma delícia!

Na sequência, seguimos para uma loja de bike. Quase enlouqueci! A loja era enorme e tinha de tudo um pouco. O que mais me enlouquecia, além da variedade, eram os preços que chegavam a ser 1/3 do que custam no Brasil.






Comprei alforges impermeáveis e ele comprou para mim uma sapatilha. Quer que eu passe a andar clipada e diz que me ensinará amanhã. Passamos horas lá dentro... 

Depois, seguimos para o supermercado para comprar umas coisas para o nosso jantar. Achei linda esta mala, é a minha cara e olha o preço! Mas, no momento não estou precisando, por isso, faço a foto para guardar a recordação.


Na sequência, vamos para sua casa. Acho que já eram umas 20 horas, quando chegamos. Fui tomar um banho enquanto ele preparou o nosso jantar. Pai eterno, que frio... estava uma temperatura de uns 2 graus. Juro que agora, até consigo entender os 'franceses', por tomarem menos banho quando está frio... custa muito tirar a roupa, entrar e sair do chuveiro... mas, sobrevivi. 

O jantar simples foi perfeito... tivemos a companhia da 'sogrinha' que me olhava com uma carinha de: quem é você?, mas permanecia em silêncio. Lavamos a louça e fomos nos deitar... afinal, o dia tinha sido bem longo para nós. Combinamos de nos levantar umas 8h, para sairmos pedalar pela ciclovia da cidade. Vou estrear minha sapatilha nova... 

O dia pode até ter começado um pouco 'diferente', do que havia imaginado, mas foi perfeito... percebi que se deixasse as coisas 'rolarem', sem tentar prever o que viria depois, aproveitaria melhor os momentos ali. Por isso, terminei o dia me sentindo anestesiada e consegui, enfim, não pensar em mais nada. 

Segundo dia em Portugal

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