domingo, 16 de março de 2014

QUINTA DA BOA VISTA - SÃO CRISTÓVÃO - RIO DE JANEIRO - 16/03/2014

Viagem a negócios... uma semana longe de casa, longe do meu marido pela primeira vez, desde o nosso casamento há três meses. Para quem conhece nossa história, sabe que depois de dois anos namorando via internet, Brasil x Portugal, tudo o que não queremos é ficar separados... mas a vida nem sempre é só como desejamos. 

Bom, o destino é o Rio de Janeiro. Como escolhi a passagem mais barata do domingo, tinha que pegar o vôo ao meio dia... parti de casa às 10:00 hrs. Meu marido ainda não se 'vira' muito bem em nossas estradas, devido a isto meus pais foram conosco ao aeroporto de Viracopos, Campinas. Após uma pequena despedida, sigo em direção a Santos Dumont. Viagem mais do que tranquila, às 14 hrs o avião pousa na cidade maravilhosa. 



A parte boa de chegar no RJ, pelo aeroporto Santos Dumont, é sempre ser recebido de 'braços abertos num cartão postal'...


Além disso, acredito que quando somos pessoas do bem, não ficamos sozinhos. Por isso minha querida amiga Marcia Lira, arquiteta e colaboradora de uma Celmar no RJ, e seu marido Alê estão me aguardando aqui do lado de fora, no saguão. Fui recebida com um grande abraço. Como já havíamos conversando via 'facebook', comentei com Marcinha que gostaria muito de conhecer a antiga morada real, Quinta da Boa Vista. Por isso, partimos daqui direto para o bairro de São Cristóvão. 

Os primeiros registros que se tem histórico, sobre o local, integrava a uma fazenda de jesuítas, no séc. XVI e XVII. Com a expulsão da ordem em 1759, a propriedade foi desmembrada tendo passado a posse de particulares. Em 1808, na chegada da família real no Brasil, a Quinta pertencia ao comerciante português Elias Antonio Lopes, que havia construído o casarão em 1803. O mesmo foi construído sobre uma colina, da qual se tinha uma vista privilegiada da Baía de Guanabara, o que deu origem ao nome da Quinta: 'Boa Vista'! Dada a carência de moradas e diante da chegada da família real no país, Elias (conhecido por ter a melhor morada no RJ) doou sua propriedade  ao rei D. João VI, que decidiu transformá-la em morada real. Apesar de grande, a morada precisou passar por algumas reformas, o que aconteceu nas nupcias de D. Pedro I e Maria Leopoldia (1816), sendo concluía apenas em 1821. A reforma compreendeu, além do casario, a construção de um portal monumental, inspirado no pórtico 'Sion House', residência nobre na Inglaterra.  Tal portão é hoje a entrada no Zoológico do Rio de Janeiro. Embora eu ainda não soubesse disso, enquanto estava por lá, o achei tão bonito que fotografei. 




Na Quinta, nasceram os filhos da união de D. Pedro I e Leopoldina, são eles: D. Maria II (rainha de Portugal), D. Maria da Glória, (princesa do Brasil) e o futuro imperador D. Pedro II. Nesta residência também, em 1826, faleceu a princesa Leopoldina, muito provavelmente agredida por D. Pedro I, que mantinha um caso nada secreto com Domitila, Marquesa de Santos, com quem teve vários filhos e que a esta altura morava bem próximo a Quinta em uma casa presenteada por D. Pedro I. Eu não sabia disso, mas esta casa é hoje o Museu da Moda Brasileira. Casos e acasos à parte, o trecho desta história que mais gosto é quando D. Pedro II, muito bem educado por José Bonifácio, decidiu empreender algumas melhorias, entre elas o embelezamento dos jardins por volta de 1869. O paisagista francês Auguste Françoes Marie Glaziou elaborou uma Alameda das Sapucaias, um lago (que atualmente possui muitos pedalinhos, caiaque, stund up) e uma Gruta. Infelizmente, muito destes jardins se perdeu devido ao plantio de árvores de diversas espécies sobre  o gramado, sem qualquer fundo histórico ou paisagístico, descaracterizando o parque (por parte da prefeitura). Mas ainda é possível ver algumas coisas originalmente produzidas para o local, como o lago e gruta. 



A fachada do prédio passou por restauração a uns dois anos e é muito bonita.




No entanto, para quem está acostumado a entrar em um 'Palácio Museu' o que se vê por aqui é um pouco decepcionante, pois o local foi desprovido de suas características internas originais, destruídas ou vendidas após a Proclamação da República (realidades brasileiras). 

Por outro lado, hoje funciona um Museu muito importante, denominado Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, administrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. São eles os responsáveis pela atual restauração interna e externa. Este é um dos museus mais importantes do Brasil, sendo a primeira instituição científica e o maior museu natural e antropológica da America Latina. 

Logo na entrada, há uma placa no chão que ao ler, paro e reflito.


O ingresso do Museu é simbólico, custando apenas R$ 3,00. O acervo lá dentro é mesmo de chamar atenção. Por sorte, podemos tirar fotos, sem flash, é claro. 




Adorei a sala das múmias. Acho que vi outra múmia apenas no 'Louvre'. 

Há dois anos, quando o prédio estava quase desabando sem os devidos cuidados, um órgão cultural mundial interviu ameaçando tirar do Brasil tais itens, considerados patrimônio da humanidade. Foi quando a universidade interviu e iniciou o processo de restauração e agora, de forma muito responsável, mantém seu acervo riquíssimo em conteúdo. 








No processo de mumificação, as entranhas eram retiradas, pois putrificam rapidamente. Devido a isto, elas eram depositadas em frascos como este (figura abaixo) e colocadas dentro do esquife junto com a múmia. 


Gosto muito das histórias do Egito. Lembro-me de ler uma, sobre José (um israelita que se consagrou durante um período de fome), e havia uma imagem de Faraó dormindo sobre um 'travesseiro' como este (figura abaixo - esquerda). 


Olha a vista aqui do Palácio...




Amo teto decorado! Desde que visitei o Museu do Louvre, Castelo de Versalhes e o Vaticano, presto muita atenção a todos os destalhes. Por sorte, os daqui estão sendo, um a um, restaurados. 


Desde sempre, amo cronologias. Elas nos ajudam a localizar pontos importantes que levaram as coisas a ser como foram, na história da humanidade. Para nós, considero que algumas datas fizeram a diferença... são elas:
  • 1793 - Morte de Luis XVI e Maria Antonieta - reis da França
  • 1795 - Ascensão de Napoleão - aos 25 anos derrota as tropas austríacas
  • 1808 - Fuga de D. João VI para o Brasil - fogem de Napoleão
  • 7/9/1822 - Declaração da Independência - D. Pedro I
  • 1831 - Administração da Assembléia Legislativa / José Bonifácio
  • 1840 - Maioridade de D. Pedro II - aos 14 anos é Imperador do Brasil
  • 18/04/1873 - Convenção em Itu
  • 15/11/1889 - Proclamação da República




A única sala que talvez permaneceu com as antigas características, e temos 'acesso', é a sala do trono e não tem nada em especial.

 



Este teto precisa de uma restauração urgente, mas ainda é muito bonito!


Amo os jardins...





O inseto que mais gosto são as Borboletas... acho incrível todo o processo de metamorfose pelos quais elas precisam passar! Sempre penso nesta fase e faço uma relação com as coisas na vida. Muitas vezes, precisamos passar um tempo enclausurados, momentos de duro aprendizado, para que mais tarde possamos aproveitar nossa 'beleza' e 'liberdade'... mas infelizmente ela dura pouco. A média de vida de uma Borboleta, gira em torno de 2 semanas a 1 mês... proporcionalmente semelhante a nossa triste realidade ante a fragilidade da vida... 

Quando entro na sala onde estão, sou incrivelmente surpreendida com esta imagem... é mesmo demais!!


Esta preta e azul é a minha preferida! A vi poucas vezes... mas a acho muito bela!



É uma pena eu nunca ter o tempo que gostaria para fazer uma visita a altura, pois um Museu como este mereceria mais de um dia... no entanto, como gostaríamos de visitar o Zoo ainda hoje, a fizemos em umas 2 horas. 

A entrada do Zoológico é naquele portal que postei acima.  O custo do ingresso também é simbólico, R$ 6,00. Tínhamos apenas 40 minutos até fechar... então fomos logo em direção aos macacos e felinos. 




Este macaco tem nome, Paulinho. Ele foi criado por uma família até ter condições de sobreviver 'sozinho' e somente ai, ser transferido a um zoológico. Ele tem reações muito humanas, é impressionante!






Quando chegamos na 'casinha' da Dna. Girafa ela estava lá dentro... mas como é só desejar com força e convicção, ela decidiu dar o 'ar da graça'... coisas difíceis de explicar, né Marcinha, kkkkk



Uma macaquinha cuidando de seu filhote... é mesmo muito lindo!






Amo Palmeiras imperiais... Pelo que me lembro, as vi a primeira vez no Jardim Botânico, nesta mesma disposição e é com esta última imagem que me despeço do Antigo Palácio Imperial. 


Daqui, como ninguém é de ferro, seguimos para a praia do Leme, a fim de tomarmos uma cervejinha e assistirmos o restinho do pôr do sol. 





Hoje é noite de lua cheia e não podia ser melhor...


Depois disso, seguimos para terminar o dia comendo uma pizzada...


The End

Fonte de Pesquisa:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Quinta_da_Boa_Vista
Livro: 1808 - Laurentino Gomes

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