terça-feira, 6 de junho de 2017

VILA ELVIO - PIEDADE - 04/06/2017

Como se aproximava mais um final de semana, era hora de definir um 'novo' destino para desbravar. Mari e eu votamos por ir até a Vila Elvio, em Piedade!  Filipe e Alemão são ótimos... pois sempre concordam com agente, hehe. 

Antes de contar como foi, contarei um pouco da história do local:





 Localização


A vila está localizada no município de Piedade a 18 km do centro. 



História da Vila

Foi criada e colonizada por um empresário italiano chamado Luigi Liscio, um pioneiro da fabricação de móveis, em nosso país. 

Luigi Liscio
Em 1.930 Luigi, que residia na cidade de Araraquara, visitou a cidade de Piedade e encontrou muitos italianos morando e trabalhando no local.  Ao conhecer a zona rural, ficou encantado com o bairro Sarapui, em especial, com a variedade de árvores e abundância de água. Devido a isso, em 08/12/1.933, Luigi comprou da família Godinho 2.221,191 hectares de terras, sendo que boa parte era mata nativa. Seu propósito era criar uma colônia italiana em sua fazenda. 


Em 1.936, ele deu início a uma pequena serraria, tocada por uma Roda D'Agua, fabricando ali cadeiras anatômicas. 

Luigi passou a dedicar-se inteiramente no desenvolvimento da vila, tendo reunido pessoas especializadas para construir a grande fazenda. 

Usina

Como seu grande objetivo era atrair pessoas, concluiu que precisava gerar empregos. Por isso, deu início ao processo de desenvolvimento da vila, por meio da geração de energia! 

Para tanto, reuniu mão de obra qualificada para pesquisas e projetos, do local em questão. Hermano Ruzzi, um engenheiro italiano, participou ativamente no desenvolvimento da usina que, para ser finalizada, precisou também ser assinada por um engenheiro brasileiro. Outro personagem importante para o desenvolvimento da vila, usina e telefonia, foi Mario Suriani, formado em Agrimensura, na Escola Agrícola de Pescara - Italia. 

A Usina Azul foi construída aproveitando a queda do Rio do Peixe. Localizada a 13 km do centro da vila, foi projetada com um alternador que produzia 500 KW, podendo dobrar sua capacidade. Atualmente (não sei exatamente se essa informação é atual) seu consumo não chega a 50%. 

Em 1.939, a usina inciou a distribuição de energia para algumas casas da vila e para a Indústria de Cama Patente.

Cama Patente

Inicialmente a fábrica produzia camas de alto padrão, sendo restrita a um público com alto poder aquisitivo. Mais tarde, a industria passou também a produzir camas em larga escala, com preços competitivos. Esta cama se pulverizou rapidamente no Brasil, chegando a ser produzidas 35.000 / mês. O fato era que, nesta época, não existia colchão. Normalmente, usava-se capim no lugar. A Cama Patente era a única que fabricava a cama com molas fixas! A fábrica logo instalou uma matriz em São Paulo, no Bairro do Bom Retiro, e chegou a contar com mais de 700 funcionários! Na indústria, o número de trabalhadores chegou a 200 pessoas. A empresa tinha 80 caminhões para entrega dos produtos da indústria, pelo Brasil.

Sobre a cama, achei interessante que ela foi projetada em 1.915 pelo espanhol Celso Martinez Carrera, para uma clínica de Araraquara, que precisava substituir as antigas camas de ferro, importadas da Inglaterra. No entanto, Carrera não teve o cuidado de patentear sua criação. Por isso, o móvel acabou sendo patenteado por Líscio, que manteve sua produção até 1.968.

  

 

Caso alguém se interessar, achei uma no OLX por R$ 400,00
http://sp.olx.com.br/grande-campinas/antiguidades/cama-patente-307325487

Desenvolvimento da Vila

Havia outras frentes produtivas, como agricultura e carvão. Mas, além da geração de empregos, Luigi se preocupou em levar mais infra-estruturas para a Vila como clube, cinema, hotel, restaurante, escola, igreja de Santa Teresinha (fundada em 1964), farmácia, açougue, padaria, armazém, praça com fonte de água iluminada, campo de futebol, tanque para nadar, que tinha até um trampolim. 

Nome da Vila

Em 1.944, Luigi recebeu o título de Cidadão Brasileiro e passou a ser conhecido como Luis Liscio. No mesmo ano, falece seu filho mais novo, com apenas 17 anos, Elvio Liscio. Foi em homenagem a seu filho que a vila foi batizada de Vila Elvio. 

Luigi Liscio faleceu em 1.976. 

Conhecendo a Vila

Em 2016, Filipe e eu usamos uma das trilhas do guia de Cavalari para conhecer o local. Subimos uma trilha conhecida como 'Dita do Matão'. Foi um pedal extremamente técnico e exigente... Apesar disso, nos deu uma visão perfeita da região! Seguem algumas fotos:

























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No ano de 2017, retornamos com nossos amigos de São Paulo, Mari e Alemão, para tentar fazer um 'bem bolado': Colheita de Caqui, Vila Elvio e Cachoeira da Fumaça. 

A Colheita de Caqui acontece todo ano nesta época (JUNHO), em uma fazenda localizada após 8,5 km da entrada de Piedade (entrada do Portal Japonês), sentido Tapiraí. 



Marcamos de encontrar nossos amigos no portal da cidade e às 08h30 seguimos para a fazenda. Pagamos a entrada de R$ 5,00 por pessoa e deixamos nossos carros no estacionamento da fazenda. Tínhamos até as 16h00 para retornar, colher uns caquis e partir. O clima, que normalmente é nublado e frio, estava perfeito, algo entre mín. de 15º e máx. de 25º. 





Partimos inicialmente em direção a Vila Elvio. 



Aproveitamos para registrar alguns belos locais até a vila. 


Estamos na época do pinhão... encontrei muitos caído na rua!



Foram apenas 8 km até a vila, sem muita dificuldade em altimetria. 





Chegamos por uma rua lateral, bem no centro da vila. Por isso, nos distanciarmos um pouco, em linha reta, para fazermos umas fotos da rua principal. 









Num armazém, no centro da vila, tem um balcão que remete qualquer um a saudosismo daqueles! Me sinto com 5 anos, quando peço para a tia do bar uma maria mole e um cone de doce de leite, ao custo de R$ 0,70 cada. 


Me 'achando' muito esperta, decidi traçar uma rota alternativa que nos levasse até a cachoeira da fumaça. Não queria ter de retornar alguns quilômetros, para pegar a estrada correta. Por isso, seguimos a esquerda, da igrejinha da vila, por uma rua 'semi-asfaltada'. 


O que vimos a seguir foi uma visão de encher os olhos!




Encontrei uma pinha no chão e decidi levar!



Em frente ao lago tem um hospital psiquiátrico - Vale das Hortências.




Infelizmente, em algum momento, saímos da rota que eu havia demarcado. Decidimos seguir em frente, mas começamos a nos distanciar da estrada que queríamos chegar. Por isso, tentamos passar por dentro de uma propriedade, para ver se achávamos um atalho.


Após uns 2 km, chegamos numa outra porteira com aviso de cão bravo. Desistimos de seguir em frente. Voltamos para a estrada que estávamos há pouco. No entanto, voltar para a vila estava fora de questão. Seguimos pelo 'caminho errado', tentando descobrir onde iríamos chegar... 





O caminho era em declínio acentuado! Como 'guia' da expedição, estava um pouco preocupada com a situação. Por isso, parei e perguntei o que todos achavam. Mari disse que em outras ocasiões, chegou abrir trilha, com facão... ri imaginando a cena. Ela disse que, por ela, enquanto houvesse estrada, iríamos em frente! Alemão e Filipe, como sempre, estavam com cara de quem curtia tudo. Foi a brecha para seguirmos... 

Em um dado momento, observei umas lindas flores cor de rosa e decidi registrá-las. Não sei o nome delas, mas fiquei simplesmente encantada!



Após uns quilômetros descendo, passamos sobre uma ponte e nos encontramos com dois cavaleiros!


Perguntamos a eles onde chegaríamos, se seguíssemos por aquela estrada. Eles nos disseram que a Usina da Vila era o 'final da linha'. O local era fechado, por meio de porteira e segurança. Nos alertaram de que, caso fôssemos até lá, certamente não conseguiríamos passar. Agradecemos a eles e discutimos sobre o que fazer. Pelo GPS, estávamos a poucos quilômetros da Cachoeira da Fumaça... não víamos nenhuma estrada até lá. Nossa conclusão foi: não por não, vamos até a Usina para ver se achávamos uma trilha que saísse na cachoeira. 

Ao chegarmos na cancela, havia uma casinha ao lado que estava fechada. Entrei a pé, em busca de alguém que pudesse liberar nossa entrada. Como não havia ninguém, entramos e seguimos a direita. Passamos por outra porteira e seguimos em frente. Em silêncio e temerosos, íamos todos juntos, bem devagar. O caminho seguia em declínio acentuado... para voltarmos, pegaríamos uma subida daquelas!


Não paramos muitas vezes, embora percebêssemos que havia uma linda corredeira do nosso lado, com algumas quedas d'água. 

A estrada acaba em uma casa. Ali, um cãozinho veio em nossa direção nos cumprimentar, meio desconfiado. Bato palmas e aguardamos. Após uns segundos, saiu um rapaz meio assustado com nossa presença. Peço desculpas por termos invadido sua propriedade e digo que estamos em busca de informações. De forma tranquila, ele nos diz que não tem como seguir em frente. Confirma que, na entrada, havia uma trilha que até sairia na cachoeira... mas também nos alerta que algumas pessoas se perdem, ao tentar ir por ali. Por isso, decidimos voltar pelo mesmo caminho. Agradecemos a ele, pedimos desculpas novamente e começamos o caminho inverso... sabíamos quanta subida teríamos pela frente. Por isso, a palavra de ordem era: subir devagar, aproveitar a paisagem e fazer fotos! 











O lugar é maravilhoso! Mas, como propriedade privada, sua entrada é controlada e pode ser proibida. 

Tínhamos que estar no máximo até as 16h00 na fazenda de caqui e quando saímos da Usina eram 13h30Tentamos voltar parando o mínimo possível, apenas para rápidos descansos após as subidas. 


Na estrada que vai para a Usina, há uma gruta dedicada a Nossa Senhora de Lourdes, com mais de 20 m de altura. 



Chegamos na fazenda as 15h40. Na entrada, o rapaz nos avisou que, como havia chegado mais pessoas, fechariam apenas as 18h00. Ficamos mais aliviados. 


Aproveitando que tínhamos mais tempo, fomos dar uma volta de bike pela fazenda. 






Estávamos morrendo de fome! Descobrimos que havia umas barraquinhas vendendo pastéis, na sede da fazenda. Fomos até lá e comemos dois cada um. 


Depois de 'almoçarmos' os pastéis, que estavam deliciosos e sequinhos, fomos para nossa colheita!





Compramos alguns caquis e fomos embora, felizes e satisfeitos por mais uma nova experiência concluída com sucesso! 

The End

Fonte
http://manedoesporte.blogspot.com.br/2012/02/historia-da-vila-elvio.html#!/tcmbck
http://www.jornalcruzeiro.com.br/materia/348994/em-piedade-um-recorte-no-tempo-rico-em-memorias
http://arq-mercia.blogspot.com.br/2011/07/cama-patente.html

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